O Chamado de Moisés
Êxodo 3.1-6
Depois de oitenta anos de preparação, dos quais quarenta foram vividos na aristocracia, ciência e regalias egípcias e outros quarenta no cuidado de ovelhas pelo calor do deserto, Deus chama Moisés.
No ocidente do deserto, subindo o monte Horebe, um pequeno espinheiro ardia em chamas naquele calor escaldante; porém, por mais que queimasse, o fogo não consumia a sarça.
Não era algo tão raro um arbusto pegar fogo no deserto, mas aquele em especial queimava constantemente. Era um milagre de Deus.
A essência do milagre Divino é diferente da essência humana. Suas obras são de outra natureza. A chama de Deus não se apaga. Sua natureza não muda. Seu poder não se limita ao tempo. Sua “chama” não se submete às leis naturais. Sua santidade é perpétua.
Moisés teve uma atitude que mostra algo de seu caráter, de sua natureza: aproximou-se do milagre, desejando ver mais de perto essa atividade sobrenatural.
Não é novidade, caro leitor, que Deus é real e que está presente entre seus filhos, manifestando-se, muitas vezes, de formas miraculosas, com sinais transcendentes. Porém, no evangelho atual, muitos procuram por tais sinais em prol de satisfazer necessidades humanas medíocres e egoístas, mas não estão dispostos a uma aproximação real, a dar um passo na direção de Deus.
Ele ouve Deus chamar seu nome no meio de um arbusto inflamado. Isso não foi uma coincidência, foi um projeto arquitetado por Deus durante os oitenta anos da vida de Moisés, desde o Nilo até o deserto, chegando ao seu ápice no momento exato determinado por Deus.
Deus tem uma trajetória traçada para nossas vidas e quando a aceitamos, quando assumimos andar segundo os passos de Jesus Cristo, encontramos equilíbrio para a odisseia terrena. Isso não significa ausência de momentos difíceis. Significa o cuidado, o acalanto, a companhia e o respaldo de Deus, como foi a vida desse homem Moisés.
Uma exigência do Todo-Poderoso: Reverência.
O Novo Testamento apresenta Deus como Pai, como amigo chegado; porém, caro leitor, não devemos esquecer – nesse relacionamento de amizade entre pai e filho – da desmesurada distância entre a santidade de Deus e nossa humana mediocridade.
Moisés precisava lembrar que ainda pisava nessa terra.
Os sacerdotes, apesar de todos os adornos que usavam em suas vestes cerimoniais, mantinham os pés descalços para lembrar que ainda pisavam nessa terra.
Pedro precisou lavar os pés para ter parte com Cristo, pois ainda pisava nessa terra.
Paulo precisou de um mensageiro de Satanás para lembrá-lo que ainda estava nessa terra.
Existe um abismo entre o homem e Deus que não pode ser transposto por nenhuma atitude humana. Um abismo chamado pecado. Um abismo chamado morte. Um abismo que apenas atravessamos quando recebemos a justificação do Senhor Jesus Cristo, que nunca teve pecado e que venceu a morte.
Precisamos lembrar que Deus é Santo. Precisamos seguir a santidade. Precisamos tirar as sandálias dos pés, despojando deste evangelho de obras e méritos e assumir que estamos aqui, completamente dependentes de Deus.
Moisés, que começou essa história “chegando mais perto”. Agora, diante da apresentação de quem falava com Ele: “Eu sou Deus”, ele esconde seu rosto. O temor do Senhor se apoderou de Moisés e ele, em toda a sua vontade de conhecer Deus, o conhece. Santo, poderoso, onisciente.
Depois do chamado de Deus, aos oitenta anos de idade, a vida de Moisés começou a ter um objetivo, uma meta, um foco.
Depois de se encontrar com Deus, Moisés compreendeu o sentido de tudo o que viveu até ali e de tudo o que ainda estava por vir.
Depois de ter um encontro com Deus, Moisés, que queria ver mais de perto “essa tão grande maravilha”, viu, viveu e foi via de milagres para toda uma nação e, assim, para todo o mundo.