Vida Cristã Disciplinada
Leitura: 2 Timóteo 2.1-12
As disciplinas da vida cristã consistem nas práticas devocionais regradas que conduzem o homem ao crescimento na presença do Senhor (Ef 4.13). O próprio Mestre Jesus, sendo plenamente Deus, viveu uma disciplina rígida, porém não mecânica, mas natural, no que diz respeito à oração (Mt 14.23; Mc 6.46), ao contato com o Pai, ao uso da Palavra (Mt 4.4,7,10), ao jejum (Mt 4.2), à reverência e ao zelo pela casa de Deus (Mt 21.12), ao ministério dos líderes de sua Igreja (Mc 3.14).
O exemplo de Wesley
John Wesley cultivava uma vida devocional tão regrada que recebeu o apelido de
“o metodista”. Na oração e no estudo bíblico, Wesley era metódico, e tornou-se grande exemplo de vida cristã. No século XVIII, trouxe grande avivamento à Inglaterra. Sabia da importância das práticas devocionais, atualmente tão desvalorizadas pela Igreja.
No texto de 2Tm 2.1-12, Paulo relaciona três exemplos de disciplina para ilustrar a necessidade de uma vida devocional regrada:
Ø O soldado
O soldado grego preferia perder a vida no campo de batalha do que viver sem a honra da luta. Paulo convoca Timóteo a sofrer consigo as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo. Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar Àquele que o alistou para a guerra.
Ø O atleta
Nos tempos de Paulo os atletas empenhavam-se além de suas forças para galgar a cobiçada coroa de louros. Sobre eles, o apóstolo diz: E, se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente.
Ø O agricultor
A mais antiga das ciências, remetendo a Adão e Eva, a agricultura exige disciplina e paciência. Paulo faz uma analogia: O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos. O cultivo do fruto do Espírito (Gl 5.22) também pressupõe disciplina e paciência, para que o homem frutifique até atingir a estatura de varão perfeito (Ef 4.13).
Relacionamento com Deus
Leitura: Gênesis 1.27-31
A razão principal para a criação do homem: o desejo de Deus em se relacionar com ele: conversar, conviver, ouvir, ter comunhão (Gn 1.27-31; 3.8,9).
Com o pecado no Éden, houve a quebra da comunhão entre criatura e Criador. O desejo ardente de Deus é a restauração de seu relacionamento com as suas criaturas. Tanto que não é o homem que busca a Deus, mas Deus busca o homem para o relacionamento.
Conversão
Em Cristo, o homem restabelece a comunhão e o relacionamento com o Criador, tornando-se, assim, mais do que criatura de Deus, passando, através da adoção, ao estado de filho do Altíssimo (Jo 1.12). Jesus redimiu o ser humano de sua condição pecaminosa através da morte substitutiva na cruz do calvário (1Tm 2:6; Hb 9:12; Tt 2:14). Somente em Cristo o homem tem a sua comunhão restaurada com Deus. A atitude de responder o chamado divino, reconhecendo seu estado pecaminoso e recebendo o amor sacrifical de Jesus, é a conversão. A partir dela, o sacrifício definitivo de Jesus oferece purificação constante ao crente quando pecar e se arrepender.
Oração
Leitura: Mateus 6.5-13
A oração surge da vontade de Deus em se relacionar com o homem, sendo parte fundamental desse relacionamento. Deus fala com o ser humano através da sua Palavra, a qual o Espírito Santo aplica ao coração para que haja entendimento e, em contrapartida, o homem fala com Deus através de suas orações.
No texto de Mt 6.5-13, a Bíblia ensina a oração individual, modelo que o próprio Senhor Jesus seguiu em várias ocasiões (Mt 14.23), ao passo que outros textos ensinam a oração coletiva (At 1.14; 4.24), sendo ambos os aspectos importantes para a vida espiritual.
Em Mateus 6, a oração inclui adoração, petição e confissão, todos amplamente presentes nos Salmos. Porém, existem outras facetas da oração: a expressão de louvor, a adoração e a ação de graças (Mt 11.25; 15.36; 26.27); a confissão de pecados e a busca pelo perdão (Sl 19.12); a petição (Fp 4.6); a intercessão (Tg 5.26) e a busca de ajuda para vencer as fraquezas e tentações (Mt 26.41).
A petição é a faceta mais comum da oração, na qual o devoto torna suas carências conhecidas perante Deus. Esta deve ser dirigida ao Pai em nome do Filho (Jo 14. 13-14), ou seja, a mediação de Cristo deve ser invocada como aquele que garante o acesso à presença de Deus (1Tm 2.5).
A fé é o requisito fundamental da oração (Hb 11.6; Mt 8.13; Jo 11.40). Sem ela, é impossível que o homem se aproxime de Deus.
Orações não atendidas
Algumas orações não recebem a resposta desejada e isso pode ocorrer por diversos fatores, sendo difícil classificá-los. Porém, há algumas razões especificadas na Bíblia que permitem especulação:
Ø O pecado (Is 1.12; 59.2; Lc 18.11)
Evidentemente isso não significa que Deus não ouça as orações dos pecadores. Se assim fosse, ninguém seria ouvido. Mas, quando o homem se entrega ao pecado, escolhendo a injustiça e maquinando o mal, estará sujeito às conseqüências deste (Mt 6.7) e deverá ser entregue a tais conseqüências (1Co 5.5). É possível que tal pessoa deixe de ser atendida em algo que esteja pedindo.
Ø As más intenções de quem ora (Tg 4.3)
O propósito do devoto para aquilo o que está pedindo. Muitas orações buscam a autorrealização, ao passo que Jesus ensina a autonegação (Lc 9.23). Deus atende as orações de seus filhos e sana necessidades, mas não garante e nem promete satisfazer suas vaidades e cobiças.
Ø A vontade de Deus deve ser levada em conta (Mt 6.10)
Aquilo o que o homem pede em oração pode não estar dentro dos propósitos de Deus. O ser humano tem uma visão de mundo limitada, alcançando apenas o que está patente ao tempo e espaço que estão à sua volta, ao passo que Deus sabe todas as coisas, em todos os lugares e em todas as épocas. Assim, embora a oração deva ser fervorosa, crente na resposta de Deus, ela deve culminar com a frase de Jesus no Getsêmani (Lc 22.42), entregando-se sempre à vontade do Senhor e consciente de que essa vontade visa sempre, ainda que momentaneamente não pareça, o bem maior para o ser humano (Rm 8.28).
A oração é uma dádiva de Deus, pois é o acesso de ínfimos seres mortais ao trono da majestade (Hb 10.19). Esta deve ser feita em todos os momentos (1Ts 5.17), não apenas buscando sanar as necessidades, mas com a consciência de que a necessidade maior é estar na presença de Deus.
Em seu livro “Oração, ela faz alguma diferença?” o escritor Philip Yancey compara o homem que ora a um alpinista que, do alto da montanha, consegue ver melhor a pequenez das coisas que estão lá embaixo. Que os crentes em Jesus aprendam a orar para ver as coisas de cima, não de uma montanha, mas do ponto de vista Divino.